“Delação”, manobra para golpear Dilma e ressuscitar Aécio
Na boca da urna, a delação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, corrupto assumido, além de “premiada” indica ser “premeditada”. Quando exatamente a campanha de Dilma cresce, a revista Veja, mais uma vez, detona munição suja. Aécio a isto se agarra igual o afogado a um bote. Apoiado nessa armação, tenta se levantar do chão. Marina se esquiva de fininho, endossa esse golpe da grande mídia contra Dilma, e faz uma defesa tímida da memória de Eduardo.
Por Adalberto Monteiro
Mas a Veja, “obstinada”, diz que obteve um resumo fiel dos depoimentos de PRC por “fontes diretas” e o divulga justamente quando, três dias antes, pesquisas de intenção de voto indicavam o crescimento da campanha de Dilma, empatada tecnicamente com Marina que estancara sua subida. Aécio na poeira.
Pergunta: De fato a revista teve acesso ao teor dos depoimentos? Ninguém sabe. E se houve quebra do segredo de Justiça, por quais expedientes esse crime foi consumado?
Como diz o ministro Gilberto Carvalho, o que há até agora é um mero boato. Boato que pelo respaldo da grande mídia ganha status de verdade. De sentença, trânsito em julgado.
Sem prova, sem indício, sem nada, a Veja publica uma lista de políticos acusados como beneficiários de um esquema de corrupção na Petrobras. A quase totalidade deles pertence a partidos da base do governo Dilma, com exceção de Eduardo Campos, candidato a presidente do PSB, ceifado por uma tragédia. O “chumbo grosso”, não há dúvida, visa a atingir eleitoralmente a presidenta Dilma. Marina é atingida de raspão e, assim, prefere fazer um dueto com Veja para engrossar o ataque à Dilma. Eis mais uma faceta de sua “nova política”.
Aécio Neves, pela evolução da disputa, se reduziu a uma candidatura coadjuvante da oposição conservadora. Viu sua condição de predileto dos banqueiros e da grande mídia lhe ser roubada por Marina. Nem a dita revista havia chegado às bancas e ele reapareceu com ares de ressuscitado afoito. Afinal, caprichosamente, nenhum tucano aparecera na lista dos “condenados” de Veja. Jornalões como O Globo alardearam a hipótese de o tucano novamente voltar à disputa por uma vaga no segundo turno. Claro que com cautela: “Quem sabe”, “talvez”. Mas, convenhamos, expressões desse gênero, para quem é tido como um morto, não deixam de ser um alento.
Esse episódio mais uma vez traz à tona a instrumentalização de instituições e instrumentos do Estado nacional para beneficiar polos em disputa nas eleições. Sempre ou quase sempre para favorecer a oposição. Ministério Público, Polícia Federal, por exemplo, são locus várias vezes reincidentes de quebra de segredo de justiça. E nenhuma autoridade destas instituições diz absolutamente nada quanto a providências e apurações para coibir esse tipo de anomalia.
A presidenta Dilma Rousseff reagiu com serenidade e firmeza. Disse que nada de concreto há contra seu governo ou qualquer integrante dele. Afinal, tudo até aqui se resume em uma reportagem. E – convenhamos – de um periódico que ao longo das últimas disputas eleitorais tem se reiterado como uma fábrica de munição suja.
Adalberto Monteiro é presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revistaPrincípios
Comentários
Postar um comentário