Paraná quebrou: Conta atrasada gera corte nos telefones da PM e da Sesp

Conta atrasada gera corte nos telefones da PM e da Sesp

Policiais relatam que linhas podem receber chamadas, mas não efetuá-las, afetando a resposta da PM às denúncias feitas ao 190. Atraso de pagamento também pode afetar refeições distribuídas em presídios

  • 20/11/2013, 11:02
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  • atualizado em 20/11/2013 às 20:00
  • DIEGO RIBEIRO E THOMAS RIEGER, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
A falta de pagamentos de contas básicas para manutenção da segurança pública e do sistema penitenciário do Paraná prejudica os serviços da Polícia Militar (PM) e pode afetar a alimentação fornecida aos mais de 18 mil presos em presídios do estado. A PM e a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) em Curitiba não podem fazer ligações telefônicas nesta quarta-feira (20). No caso da polícia, o problema já atingiria também algumas cidades do interior. A informação foi confirmada por vários policiais, que preferiram não se identificar. O corte, feito por falta de pagamento, atinge também a Sesp. Já os presos podem não receber alimentação devido a falta de pagamento de seis empresas fornecedoras.
Sobre o telefone, segundo os policiais, a conta não é paga desde setembro. Na noite de terça-feira (19), a interrupção no serviço foi feita pela operadora de telefonia que presta o serviço para o estado. No prédio da Sesp, os funcionários também não conseguem telefonar, apenas receber chamadas. A secretaria confirmou o problema e disse que a solução depende da Secretaria da Administração e Previdência (Seap), com a qual já foi realizada uma reunião nesta quarta-feira para buscar uma solução para o corte. Procurada, a Seap disse que está analisando a questão.
O problema agrava o atendimento de ocorrências policiais. Muitas das chamadas às viaturas da PM ainda são realizadas para telefones celulares. Os atendentes da central de emergências 190 ligam para os policiais para avisá-los das ocorrências, em razão da fragilidade do sistema analógico dos rádios comunicadores da polícia.
Segundo os policiais, as consequências são ainda piores. Os atendentes não podem retornar as ligações para os cidadãos que fazem as denúncias. Em muitos casos, o denunciante liga, avisa a polícia sobre determinado crime e os atendentes deveriam retornar para dar mais orientações, receber informações complementares e explicar qual encaminhamento foi dado ao problema denunciado. Sem poder fazer ligações, a resposta fica impossibilitada.
Alimentação de presos
Se o governo do Paraná não pagar as seis empresas que fornecem alimentação para os 31 presídios do estado, mais de 18 mil presos que cumprem pena em presídios poderão ficar sem café da manhã, almoço e jantar a partir do próximo mês. Algumas das terceirizadas da alimentação não têm mais dinheiro para comprar alimentos e pagar seus funcionários. Algumas das empresas estão sem receber desde agosto e outras desde setembro.
O gasto por ano com alimentação dos 18 mil presos é de R$ 80 milhões. Portanto, equivale a pouco mais de R$ 6,6 milhões por mês.

A titular da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju), Maria Tereza Uille Gomes, está na Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), na manhã desta quarta-feira (20), para tentar resolver o problema.
Sobre o atraso dos pagamentos, a assessoria da Seju informa que a quitação dos serviços é de responsabilidade da Sefa.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Fazenda informou que iria analisar as informações do atraso antes de se pronunciar.
Em contato com a reportagem, a Sesp informou que o problema com atraso de pagamento não atinge as refeições destinadas aos detidos em delegacias.
Aperto nas finanças
O corte nos telefones é mais um desdobramento dos problemas financeiros enfrentados pelo governo do estado do Paraná. Em setembro, o governador Beto Richa (PSDB) anunciou medidas para reduzir os gastos, com corte de cargos comissionados e a extinção de secretarias.
Na segurança pública, os problemas orçamentários incluíram o atraso no pagamento de salários a cadetes iniciantes do Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Academia do Guatupê, que serve à PM.
No começo de novembro, também por falta de pagamento, houve transtorno no abastecimento de viaturas em Curitiba e na RMC.
Quem também enfrentou problemas foram os alunos do curso de formação para agentes penitenciários do Paraná. Eles não receberam a bolsa-auxílio de R$ 1 mil prometida pelo edital do concurso, mesmo que estivesse especificado que o valor deveria ser pago durante e não após a conclusão do curso.

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