segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Luta de ideias, essência e tarefas do PCdoB


José Reinaldo: Luta de ideias, essência e tarefas do PCdoB


O ano de 2012 foi notável na frente da Luta de Ideias. Em uma conjuntura marcada por embates entre as forças conservadoras e as progressistas, de crise do capitalismo, de solavancos na ordem mundial imperialista, de lutas dos trabalhadores e dos povos pela emancipação nacional e social, é frutífero o esforço dos comunistas e de outras correntes socialistas e revolucionárias para abrir perspectivas à luta pelo socialismo no novo contexto deste começo de século.

Por José Reinaldo Carvalho*


Do Portal Vermelho

Os comunistas vão ao combate com o seu programa político, aprovado no congresso de 2009, em que a luta pelo socialismo aparece entrelaçada com as grandes bandeiras nacionais: pelo desenvolvimento, a soberania nacional, o aprofundamento da democracia, a solução dos graves problemas sociais, as reivindicações do povo, as reformas estruturais democráticas.

É um programa de convergência com amplas forças políticas e sociais, uma plataforma de combate, um veículo de pedagogia popular na luta, de elevação da consciência do grande povo brasileiro, uma bússola orientadora durante longa, acidentada e sinuosa travessia. 

No quadro dos esforços para desenvolver a luta de ideias ao longo do ano de 2012, é mister destacar ao menos três momentos que sintetizam a orientação dos comunistas para esta frente de batalha.

primeiro foram as celebrações do 90º aniversário da fundação do Partido Comunista do Brasil. Foi uma ocasião em que a história, os personagens mais destacados das diversas etapas da trajetória do partido, suas lutas, sua identidade, seus programas e sua ideologia estiveram na ordem do dia nas reuniões internas e nos eventos públicos.

Foi um momento peculiar, em que deixamos patenteado que não desvinculamos a luta concreta cotidiana da identidade política e ideológica do partido, uma ocasião propícia à reafirmação da identidade do PCdoB como um partido comunista, de trabalhadores, empenhado na luta pelo socialismo no Brasil e pela emancipação da humanidade, um partido de esquerda, anti-imperialista, a um só tempo patriota e internacionalista. Um partido que, há muito demarcado do doutrinarismo, do dogmatismo, da cópia anacrônica de modelos, empenha-se no desenvolvimento, assimilação e difusão do socialismo científico, do marxismo-leninismo, que dialoga e interage com a ciência política interpretativa e analítica das peculiaridades nacionais. 


A bandeira do meu Partido, por Jorge Mautner


Persistimos nos esforços para superar a crise teórica surgida no rastro da derrota histórica sofrida pelo movimento comunista e revolucionário durante a contrarrevolução que derrocou as primeiras experiências de construção do socialismo na ex-União Soviética e em países do Leste europeu. Na consecução desses esforços, os comunistas se demarcam também de toda a lógica liquidacionista e oportunista, numa quadra histórica em que a indústria das ideias retrógradas, a par de um antediluviano conservadorismo, procura ressuscitar velhas teses social-democratas e eurocomunistas – que de há muito jazem na lixeira da história. 

Assim, ganha relevo a obra em curso em nosso país, sob a liderança da direção coletiva comunista, de formular os lineamentos fundamentais do que chamamos de nova luta pelo socialismo, obra consubstanciada, na fase atual, no Programa Socialista do 12º Congresso.

A experiência da comemoração do 90º aniversário da fundação do Partido deixa também ensinamentos. É necessário encontrar formas mais amplas e populares para difundir o nome, a imagem, as bandeiras, os símbolos, as plataformas de luta e a história do Partido. Nesse sentido, o grande desafio é construir uma Festa popular, mobilizadora da ação militante, coletiva, que seja também uma contribuição dos comunistas para a agenda cultural nacional.

O Portal Vermelho

O segundo momento a destacar na frente da Comunicação foi a comemoração do décimo aniversário do Portal Vermelho, ocasião em que, no seminário nacional organizado no mês de junho último, o Partido fez uma reflexão sobre as linhas gerais orientadoras desta frente de atividade.

Naquele momento assinalávamos: “O Portal Vermelho pertence à linhagem das publicações que fizeram e fazem a propaganda das ideias do socialismo. Este ano, o jornal soviético Pravda (A Verdade, em português), completou 100 anos de existência. No ano passado, completou 110 anos o jornal A Iskra (Centelha, em português). Na mesma época Lênin escreveu sua célebre obra Que Fazer?, quando desenvolveu a tese da construção do partido comunista e elaborou não um modelo de organização, mas algo essencial para a luta, um conteúdo que se consubstanciou em princípios organizativos”. Desde então, os comunistas atuam com a noção de que, tendo cientificamente formulados os princípios ideológicos, os fundamentos teóricos, o programa político e a intervenção na luta de massas, tornam-se essenciais as atividades organizativas e de agitação e propaganda. Descurar dessas tarefas permanentes em nome do ativismo às cegas equivaleria a renunciar à própria atividade política independente e organizada das massas trabalhadoras e populares, a qual só se viabiliza em última instância por meio de uma organização política independente e revolucionária.

Ao invocar esta passagem da história do movimento comunista, afirmamos que ainda hoje fazemos jornalismo e agitação-propaganda revolucionários inspirados no Pravda e na Iskra. Reivindicamos a tradição leninista e nos sentimos herdeiros dessas publicações.

Os tempos atuais são outros, a exigir novas formas, novos métodos, linguagem contemporânea, atenção para fenômenos sociais, culturais e políticos surpreendentes, antes inimagináveis, entre eles a revolução tecnológica na área da informação. Mas se mudam os tempos, não muda a nossa vontade nem se esvai a nossa essência. Vamos continuar insistindo, subjetiva e objetivamente, em cumprir corretamente e em nível elevado a nossa tarefa de contribuir para elevar a consciência política do povo, denunciando e combatendo o sistema capitalista, enfrentando o imperialismo, defendendo os direitos dos trabalhadores, a soberania nacional, a democracia e apontando a perspectiva do socialismo.

Eleições 2012

terceiro momento, um dos mais exigentes na frente da luta de ideias, foi a campanha eleitoral, que ocupou o Partido ao longo de quase todo o segundo semestre. Foi uma grande batalha política, a maior campanha eleitoral que desde sempre o Partido disputou. Seus resultados, conforme resolução do Comitê Central, foram positivos e se inscrevem no quadro da gradual, progressiva e prolongada acumulação de força eleitoral pelos comunistas. Muito embora o cipoal de mensagens atrasadas e despolitizadas da campanha das forças de direita, de um modo geral ficou nítido que o país se divide em dois campos opostos – as forças progressistas lideradas pela presidenta Dilma, de que os comunistas são parte integrante – e as forças neoliberais-conservadoras sob a égide do PSDB. Em meio à demagogia e às propostas mirabolantes, estapafúrdias e irrealizáveis de fundo eleitoreiro, foi possível nas condições que se apresentavam, debater com o povo os temas urbanos e nacionais e mesmo as questões de fundo ligadas aos problemas estruturais do país.

Contudo, também nesta área queda para os comunistas o desafio de fazer uma campanha diferente, cada vez mais politizada e frontal. Sem inventar a roda e sabendo que devem usar à exaustão os modernos meios de comunicação e as modernas técnicas de campanha eleitoral, que exigem profissionalismo, os comunistas devem sempre fazer uma campanha militante. Os aspectos retrógrados da legislação eleitoral e da cultura política das classes dominantes, que sobrepõem as personalidades às coletividades partidárias, exacerbando o individualismo, no vórtice de uma fútil e fugaz usina de celebridades, se bem façam parte da realidade, não devem ser para os comunistas objeto de culto espontaneísta.

Desde 1985, quando o nosso Partido conquistou a legalidade, temos participado dos processos eleitorais, fazendo política ao lado das forças progressistas do país e do povo brasileiro, da gente comum, trabalhadores das cidades e do campo, jovens, mulheres, negros, estudantes, artistas, líderes comunitários, esportistas, cientistas, cidadãos de todos os lugares que sonham e lutam pela transformação da realidade e a construção de um futuro diferente.

Ultimamente, fruto de acertadas decisões da direção partidária, a nossa tática eleitoral mudou, tornando-se audaciosa e perseguindo objetivos mais elevados. O Partido posiciona-se cada vez mais na grande disputa política e eleitoral, por meio de candidaturas a cargos majoritários e de chapas próprias nas eleições proporcionais. Isto permite novas e melhores condições para difundir a sigla e os símbolos do Partido, não o contrário. A dissimulação desses elementos de identidade é uma forma de renúncia ao embate político e, inversamente ao que supõe o senso comum, é também contraproducente do ponto de vista eleitoral. O “marketing” eleitoral despolitizado e desideologizado é um fator de atraso e o prelúdio do fracasso para um partido comunista. 

Assentados estes princípios, há que progredir na organização e profissionalização das campanhas eleitorais, no uso de ferramentas modernas, porque se trata de uma irreversível tendência dos tempos, e o nosso Partido só tem a ganhar com a especialização nesta área de conhecimento e prática. 

Desafios, perspectivas


Ao longo do ano de 2013, o nosso Partido será chamado a enfrentar muitos desafios. Pelo mês de novembro, realizaremos o nosso 13º Congresso, ocasião em que o grande coletivo partidário, sem se fechar em si mesmo, procederá a uma reflexão profunda sobre os rumos da vida partidária. A par dos desafios permanentes da luta de ideias, há uma premente necessidade de aproximar mais e mais o Partido do povo, identificar-se com o grande povo brasileiro, calar fundo em sua mente e coração, desatar sua iniciativa criadora, despertá-lo para a luta. Lidamos com uma correlação de forças ainda desfavorável aos que querem revolucionar o mundo. Por isso, atuamos com a mente aberta e sequiosos de aprender as melhores maneiras de fazer com que nossa mensagem chegue à esmagadora maioria da população e, como dizia Gramsci, alcance a hegemonia na sociedade contemporânea. 

É nestes termos que devemos encarar com objetividade e sentido prático a tarefa de mostrar e difundir uma imagem compreensível às grandes massas populares sobre o que é, o que quer e para que serve o Partido Comunista do Brasil. É algo indispensável para que nos façamos entender e ajudemos o povo a assimilar o sentido das transformações históricas que deve empreender para pôr o Brasil na senda do progresso social, da liberdade, da independência, do socialismo. 

Nesse sentido, o que precisamos é de especialização e talento para mostrar o que somos, o que nada tem a ver com querer parecer o que não somos. 

Somos um partido comunista, de vanguarda, portador do ideal comunista e da missão histórica de construir o socialismo, sociedade antípoda à existente. Somos um partido de classe, defensor antes de tudo dos interesses fundamentais das classes trabalhadoras. Um partido anti-imperialista, patriótico e internacionalista. Na fase atual, buscamos pôr em prática um programa viável, mobilizador, amplo, aglutinador de uma ampla aliança de forças políticas na luta pelo desenvolvimento nacional, a democracia, a soberania do país e o progresso social. A este conteúdo e a nossas raízes históricas correspondem a nossa bandeira com sua cor vermelha, o símbolo da foice e do martelo e a sigla PCdoB. São elementos de identidade, inseparáveis da nossa essência e dos nossos objetivos históricos. 
http://www.vermelho.org.br/autores-e-ideias/noticia.php?id_noticia=201841&id_secao=297

*Secretário nacional de Comunicação do PCdoB

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