quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O lado perverso do Google


O lado perverso do Google

Paulo Nogueira 26 de julho de 2012 4

 
Existem dois Googles.
Um você conhece. É a companhia inovadora que você usa o tempo todo para fazer pesquisas. Frequentemente o Google aparece no topo das listas das melhores empresas para trabalhar pelos extraordinários benefícios que concede a seus funcionários. Estes se orgulham de pertencer ao Google.
O segundo Google é bem menos bonito. É uma corporação que faz todas as manobras possíveis – dentro daquela fronteira tênue entre a legalidade e a imoralidade – para não pagar impostos. Recentemente, a mídia australiana registrou a indignação de autoridades locais ao verificar que, para um faturamento de 1 bilhão de dólares no país, o Google pagara cerca de 75 000 dólares de impostos.
Vamos entender.
É com o dinheiro dos impostos que são construídos hospitais, estradas, escolas etc etc. Ninguém gosta de pagar imposto, mas quando a compulsão de evitá-los se alastra pela sociedade e alcança as corporações o resultado – como prova a Grécia – é a bancarrota do país.
O Google – e muitas outras multinacionais americanas – faz uma manobra chamada “Duplo Irlandês e Sanduíche Holandês”. Basicamente, para reduzir ao mínimo o valor a pagar, o Google se utiliza de duas subsidiárias na Irlanda – daí o “Duplo Irlandês” – e uma outra subsidiária na Holanda. O “Sanduíche Holandês” se explica no fato de o dinheiro — dentro do esquema perfeito montado para tornar esquálido o imposto — sair de uma subsidiária irlandesa, passar pela Holanda e depois voltar à Irlanda, agora registrado na outra subsidiária.  A viagem contábil termina nas Bermudas, onde a taxa é zero. (Aqui, você pode ver um gráfico razoavelmente compreensível do NT Times.)
Se eu fosse editor de alguma publicação brasileira, pediria a um repórter que investigasse quanto o Google fatura no Brasil e qual o imposto que paga. Provavelmente os brasileiros tomariam conhecimento do “Duplo Irlandês” e do “Sanduíche Holandês”.
O primeiro Google é lindo.
O segundo, horrível.

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