A Síria é a vítima da vez

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Nunca foi tão oportuno a máxima de que “quando não se reage ao arbítrio em algum momento todos nós seremos vítima dele”. Essa assertiva se aplica tanto a violência que se pratica contra a democracia brasileira, quanto a agressão que o império americano executa contra as demais nações, onde a Síria é simplesmente a vítima do momento.

Os “argumentos” para tentar explicar essa escalada de agressões contra a democracia e a soberania das nações são os mais exóticos e grotescos que se possa imaginar. Mas esses “argumentos” pouco importam, porque são meros pretextos.

A motivação real, o que de fato move a atual escalada da barbárie, é o assalto ao patrimônio das nações. É a lógica da pirataria contemporânea, baseada no saque dos recursos naturais estratégicos das nações agredidas, sendo os Estados Unidos o principal agressor, mas não o único.

Assim foi no Brasil quando eles cassaram a presidenta Dilma Rousseff para se apropriar do pré-sal, uma das mais exuberante reservas de petróleo de que se tem notícia. E já conseguiram esse intento.

A situação na Síria é idêntica. Querem o petróleo, o gás e o controle geopolítico da região. Para isso não tiveram nenhum pudor em financiar grupos fundamentalistas para tentar depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, sob os mais pitorescos argumentos, cujo intento só não foi alcançado pela intervenção militar da Rússia em apoio ao governo sírio.

De igual forma agiram no Iraque. Destruíram uma nação próspera para assaltar suas reservas de petróleo. Depois do assalto consumado o mundo toma conhecimento que nenhuma das acusações ou suspeitas levantadas contra Saddam Hussein se sustentavam. Pouco importa, o objetivo já estava alcançado, o governo deposto e a nação destruída.

O roteiro é idêntico. Eles nem se dão ao trabalho de inovar. Com o apoio acrítico dos meios de comunicação eles estimulam e financiam grupos locais para fazer a cruzada contra o governo alvo de sua execução; depois fornecem uma pauta (corrupção, ditador, armas químicas, etc.) para a turba aliciada a dólares; e, finalmente, preparam o assalto final através de uma sistemática campanha nos seus meios de comunicação.

O desfecho desse enredo pode ser um golpe para trocar o governo e mudar a política - como aconteceu no Brasil; a fragmentação do país em várias republiquetas; ou a tomada do poder e o assassinato do representante do governo anterior, como aconteceu no Iraque e, tudo indica, eles estão tentando repetir na Síria dilacerada.


Eron Bezerra
Professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB.

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