terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Hitler foi católico e nunca renunciou ao batismo, lembra Dawkins




Segue transcrição de parte da resposta do britânico e ateu 
Richard Dawkins (foto) à conexão feita por Bento 16 no Reino Unido 
entre o “extremismo ateu” e a tirania dos nazistas que pretendia "erradicar Deus da sociedade".
Richard Dawkins
'No mínimo, Hitler acreditava em
uma providência personificada"
No começo, fiquei tão revoltado quanto todo mundo por causa das primeiras
 palavras que o papa disse assim que pousou em Edimburgo culpando os ateus
 pelas atrocidades de Hitler e outras do século 20.

Mas então fiquei contente porque, para mim, isso de certa maneira mostra o
 quanto o papa está incomodado com a gente e que ele foi forçado ao expediente 
ignominioso de nos atacar para desviar a atenção dos verdadeiros crimes cometidos 
em nome da Igreja Católica.

Posso imaginar as discussões nos corredores do Vaticano: “Como vamos distraí-los 
da sodomia com os garotos?”. A resposta: “Por que não atacamos os secularistas, os 
ateus, pelo hitlerismo?”.

Adolfo Hitler foi um católico romano. Foi batizado e nunca renunciou ao batismo.

A informação de que existem 5 milhões de britânicos católicos foi retirada 
presumivelmente dos registros de batismo. Mas eu não acredito em uma só 
palavra disso. Não acredito que haja 5 ou 6 milhões de britânicos católicos. 
Pode haver 5 ou 6 milhões de batizados, mas se a igreja quer alegar que esses são católicos, e
ntão terá de reivindicar Hitler como um católico.

No mínimo, Hitler acreditava em uma providência personificada. Ele falou disso
 várias vezes.

E era presumivelmente a mesma providência que foi invocada pelo cardeal arcebispo 
de Munique em 1939, quando Hitler escapou da morte, e o cardeal proferiu um Te Deum 
[ofício litúrgico solene] especial na Catedral de Munique: “Para agradecer a Divina Providência, em nome da arquidiocese, pela felicidade de o Führer ter escapado [de um atentado]”.

Vou ler um discurso feito em Munique, coração da Bavária católica, em 1922, e 
deixar para que vocês adivinhem de que é.

“Meu sentimento como cristão aponta-me para o meu Senhor e Salvador como um
 lutador. Aponta-me para o homem que, uma vez na solidão, cercado por poucos 
seguidores, reconheceu esses judeus por quem eles eram e clamou para que se lutasse
 contra eles e que – verdade de Deus – foi maior não como sofredor, mas como lutador.
 No meu amor sem limites como cristão e como homem, eu leio a passagem que nos 
conta como o Senhor finalmente se levantou em seu poder e tomou do chicote para 
expulsar do Templo a raça de víboras e vendilhões. Como foi maravilhosa a sua luta 
contra o veneno judeu. Hoje, depois de dois mil anos, com a mais profunda emoção, 
eu reconheço mais do que nunca o fato de que foi por isso que Ele teve de derramar
 o seu sangue na cruz.”

Esse é apenas um dos muitos discursos e passagens do Mein Kampf, onde Hitler 
invocou o seu cristianismo. Não é de se estranhar que Hitler tenha recebido apoio 
caloroso de dentro da hierarquia católica da Alemanha.

Mesmo que Hitler tivesse sido ateu – e Stalin mais provavelmente era –, como 
Ratzinger ousa sugerir que o ateísmo tem qualquer conexão com os seus atos terríveis?

Não mais que a descrença de Hitler e Stalin em duendes ou unicórnios. Não mais do 
que o fato de ostentarem um bigode – assim como Franco e Saddam Hussein. Não
 há nenhum caminho lógico do ateísmo para a maldade.

A menos que para quem esteja imerso na repulsiva obscenidade que é o cerne da 
teologia católica. Eu me refiro à doutrina do pecado original.

Essas pessoas acreditam que todo bebê ‘nasce em pecado’ e ensinam isso a 
criancinhas, ao mesmo tempo em que lhes falam da terrível falsidade do inferno. 
Esse seria o pecado de Adão, o mesmo Adão que agora eles mesmos admitem
 nunca ter existido.

Pecado original significa que nascemos maus, corruptos, condenados, a menos 
que acreditemos no deus deles ou a menos que caíamos no conto do castigo do inferno.

Isso, senhoras e senhores, é a nojenta teoria que os leva a presumir ter sido a
 irreligiosidade que tornou Hitler e Stalin nos monstros que foram. Somos todos monstros, 
a menos que sejamos redimidos por Jesus. Que teoria vil, depravada e desumana para
 ter como base a vida.

Joseph Ratzinger é um inimigo da humanidade.

Ele é inimigo das crianças cujos corpos permitiu que fossem estuprados e cujas mentes 
ele encorajou que fossem infectadas pela culpa.

Fica evidente que a igreja se preocupa menos em salvar os corpos das crianças e 
salvar a alma dos padres estupradores do inferno: a maior preocupação é salvar a 
reputação permanente da própria igreja.

Ele é inimigo dos homossexuais, conferindo a eles o tipo de intolerância que a sua 
igreja reservava aos judeus até 1962.

Ele é inimigo das mulheres, barrando-as ao sacerdócio, como se um pênis fosse um
 atributo essencial para exercer os deveres pastorais.

Ele é inimigo da verdade, promovendo a mentira deslavada sobre os preservativos
 de que não protegem contra a Aids, especialmente na África.

Ele é inimigo das pessoas mais pobres deste planeta, condenando-as a ter famílias 
numerosas que não conseguem se alimentar e assim mantendo-os na escravidão da
 eterna pobreza. Uma pobreza que combina mal com a obscena riqueza do Vaticano.

Ele é inimigo da ciência, obstruindo a pesquisa vital com células tronco [embrionária],
 com base não na moralidade, mas na superstição pré-científica.

Finalmente, talvez a minha maior preocupação é que ele é inimigo da educação. Sem 
considerar o dano psicológico permanente causado pela culpa e pelo medo, a educação
 católica se tornou em algo abjeto no mundo inteiro.

Ele e sua igreja fomentam a doutrina perniciosa de que a evidência é uma base menos 
confiável para a crença do que a fé, tradição, revelação e autoridade – a autoridade dele.

Tradução da LiHS (Liga Humanista Secular do Brasil)


Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2010/09/hitler-foi-catolico-e-nunca-renunciou.html#ixzz2I3Pu5wht
Paulopes informa que reprodução deste texto só poderá ser feita com o CRÉDITO e LINK da origem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário