PCdoB anuncia apoio a Haddad em ato com críticas a Serra

PCdoB anuncia apoio a Haddad em ato com críticas a Serra


O PCdoB anunciou nesta segunda (25), num ato político que contou com a presença do ex-presidente Lula, o apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo. O partido ressaltou o cenário de polarização na cidade, o tom de nacionalização da campanha local e a aliança história com o PT como razões para unir forças contra a candidatura de José Serra (PSDB). O ato foi marcado por críticas à atual gestão e ao tucano, que, segundo Lula, abandonou a cidade.



Cláudio González
 ato Ato de apoio a Haddad, na sede do PCdoB, em São Paulo
Com a decisão de fazer a aliança com o PT, a sigla comunista abre mão de lançar o vereador Netinho de Paula na disputa majoritária. Investirá agora na sua reeleição. A ideia é fazer dele o vereador mais votado da cidade. Apesar de se dizer triste em abandonar a candidatura, Netinho afirmou que transformará esse sentimento em força para defender o nome de Haddad.

Primeiro a falar no evento, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, destacou a importância da aliança com o PT e o ciclo iniciado desde a vitória de Lula, em 2002, com muitas conquistas para o povo brasileiro. Segundo ele, a disputa eleitoral em São Paulo, nesse contexto, tem uma importância muito grande. “O PCdoB leva em conta a disputa eleitoral no maior município do Brasil. Temos que considerar isso como marco importante da disputa política”, disse.

Rabelo destacou que a pré-candidatura de Netinho foi importante para apresentar ao povo as ideias e projetos do PCdoB para a cidade, mas ressaltou a necessidade de unidade. “É preciso unir as forças mais avançadas, as forças progressistas, de esquerda, como também outras forças que conosco possam marchar para a construção desse País. A concepção do PCdoB é de que é preciso ter alianças amplas", anunciou Rabelo.

Afirmando que as ideias do PCdoB convergem com as de Haddad, ele ressaltou que a sua candidatura tem uma dimensão maior e representa um projeto. “Por isso, queria dizer neste momento, Fernando Haddad, conte com nosso apoio. O PCdoB é sempre fiel aos seus aliados, assume compromisso”, encerrou, mencionando a contribuição que uma liderança popular como Netinho pode dar à sua campanha.

Reforço de Netinho
Até então pré-candidato à Prefeitura, Netinho participou das discussões sobre o apoio a Haddad e recebeu apelos do próprio ex-presidente Lula para que marchasse ao lado da candidatura do ex-ministro da Educação. O gesto público de Lula demonstrou o prestígio político alcançado pelo Partido e pela liderança de Netinho, que sempre figurou nas primeiras colocações nas pesquisas.

“O coração do negrão está ferido, não dá para esconder. Mas as pessoas que vêm de onde eu vim, transformam esse sentimento em força pra vencer, pra superar, e é essa força que eu vou transferir para a candidatura de Haddad”, comprometeu-se o vereador, que disse não ter nenhuma dificuldade em defender a candidatura petista, uma vez que sempre reconheceu o bom trabalho de Haddad à frente do ministério da Educação.

“Mas não é que eu desisti, é que ainda não chegou a hora. Fui convencido a fazer parte desse projeto nacional. Perdi esse debate porque de fato a eleição está polarizada. E, quando há polarização, meu lado vai ser sempre o lado da figura que ajudou milhares de pobres e negros neste país", disse, referindo-se a Lula.

Mudar São Paulo

O pré-candidato Fernando Haddad afirmou que aprendeu a admirar o PCdoB desde os tempos de estudante e ressaltou o protagonismo do partido na organização de estudantes e trabalhadores. “O partido tem uma atuação importante na organização do movimento estudantil e estimula o espírito crítico dos jovens. É nas escolas e universidades que se começa a fazer política. Tem também uma tradição na organização dos trabalhadores. E esses são dois eixos do desenvolvimento do país”, disse.

Haddad falou que PT e PCdoB participam, juntos, da transformação iniciada pelo governo Lula no Brasil. E defendeu que essas mudanças cheguem agora a São Paulo. “O Brasil vem se transformando em uma nação mais respeitada, desenvolvida, soberana e justa sob vários aspectos. O que eu e Netinho queremos para São Paulo é que esses ventos de prosperidade que sopram com mais força no território nacional, atinjam São Paulo, que, na a minha opinião, vem sendo governada de costas para as parcerias necessárias para se colocar no trilho do desenvolvimento”, defendeu.

O ex-ministro criticou a atual gestão, que, segundo ele, perdeu várias oportunidades de atuar em conjunto com o governo federal e fazer parcerias público-privadas em prol da cidade. “O poder público local deixa muito a desejar, há muito o que ser feito. Oitenta por cento da população deseja um novo rumo. Em cada cinco paulistanos, quatro querem uma mudança”, contabilizou.

Segundo ele, sua candidatura está em pleno processo de elaboração do plano de governo e o PCdoB deverá contribuir com sua plataforma. Haddad reconheceu a importância da adesão de Netinho à sua postulação. “Sei o que ele representa. As pessoas se identificam com ele, pelo talento, pela origem, pela cor. As pessoas veem em você um exemplo de superação”, opinou.

Ele afirmou que tem procurado todas as forças da base do governo federal para tentar uma ampla aliança. Haddad qualificou um eventual governo seu não como uma gestão do PT com o apoio do PCdoB, mas como “uma coalizão de forças para mudar São Paulo, um governo de corresponsabilidades”.

As críticas de Lula

A saúde ainda debilitada não impediu o ex-presidente Lula de discursar no ato, embora ele tivesse alertado ao PCdoB que não poderia falar por razões médicas. O petista ressaltou a gratidão histórica em relação aos comunistas, defendeu a candidatura de Haddad e desferiu muitas críticas ao tucano José Serra.

"Vou dizer para vocês que o meu compromisso era não falar. Estou com a garganta muito inflamada, mas estou fazendo trabalho para recuperar totalmente a voz. Já tive várias oportunidades de enaltecer a minha relação com o PCdoB. Nós militamos juntos desde a campanha das diretas. Militamos juntos desde antes de 1989. Foi nessas campanhas que pude aprender a admirar a lealdade do PCdoB nos compromissos assumidos comigo e com meu partido", falou.

Ele disse ter aprendido algumas lições com a sigla ao longo de sua trajetória política. Uma delas foi o falecido presidente do PCdoB, João Amazonas, que lhe ensinou, quando em 1989 pensava em desistir da disputa presidencial por causa de seus índices nas pesquisas. “Amazonas disse que precisávamos definir para quem íamos fazer campanha, qual era o nosso lado. E fizemos um discurso mais ideológico e fomos para o segundo turno”, contou.

“Aqui em São Paulo vivemos isso. Qual é o nosso lado?”, disse, lembrando que São Paulo vem, há décadas, sendo liderada por governos conservadores, com exceção das gestões de Luiza Erundina (1989) e Marta Suplicy (2001). “Penso que temos que saber quantos votos a esquerda tem em São Paulo. É fácil fotografar onde estão os votos de esquerda e os votos conservadores na cidade. Nas últimas sete eleições, tivemos trinta e poucos por cento dos votos”, disse, lembrando que, na campanha presidencial, ele viveu a mesma dificuldade de ampliar sua votação, alcançando os outros 20% necessários. Lula afirmou que conquistou esse percentual na coligação com o seu vice, José Alencar.

De acordo com o ex-presidente, o desafio de Haddad também é descobrir quem pode ajudar a mudar o pensamento daquelas pessoas que, “por alguma razão, têm medo do PCdoB, por alguma razão não gostam do PT e por alguma razão não votam no PSB. E por outra razão votam no Tiririca. É um povo que está aí e é igual nós”. Segundo ele, Netinho terá importante papel nesse processo.

“Na medida em que a campanha está nacionalizada, polarizada, que vai ficar ente os tucanos e os que não são tucanos, o Haddad pode governar muito melhor do que eles fizeram. Governar não pela propaganda, mas pelos efeitos positivos na população da periferia”, disse Lula que, em seguida, respondeu o discurso de Serra na convenção do PSDB, na qual o tucano afirmou que sua candidatura representaria a experiência e a competência.

“Temos que enfrentar a eleição sem medo. Estou vendo nosso adversário dizer que a competência vai vencer o novo. Portanto, meu filho, você já ganhou, porque de competência ali não tem nada”, disse, olhando para Haddad e arrancando risadas da plateia.

“Serra está patinando nas pesquisas. Acho que jogaram óleo na pista de patins dele. Ele vai perceber que foi um equívoco quem o convenceu a ser candidato. O povo precisa lembrar que ele foi eleito uma vez e abandonou a cidade. Ele não pegou nem a segunda enchente e já correu”, disse, bem-humorado.

Lula afirmou que, até o início da campanha, espera já estar totalmente recuperado, para participar de todas as formas da disputa. “Quero estar junto com vocês, vou me dedicar, vou à periferia fazer comício. Se necessário, morderei a canela dos adversários para que o Fernando Haddad seja eleito”, brincou.

Participaram do ato ainda várias lideranças comunistas, além de membros do PT e do PSB. Apesar da coligação na disputa majoritária, o PCdoB terá chapa própria na proporcional, com 83 vereadores. O partido tem sido cotado para ocupar o espaço na vice de Haddad, mas o tema não foi discutido no evento desta noite. São cotados para compor a chapa majoritária a deputada estadual Leci Brandão, o vereador Jamil Murad e a presidenta do PCdoB de São Paulo, Nádia Campeão.

Veja abaixo o vídeo do evento:



Confira a íntegra em áudio do ato desta segunda-feira (25).


Ato de apoio do PCdoB à candidatura de Fernando Haddad - Parte 2


Ato de apoio do PCdoB à candidatura de Fernando Haddad - Parte 1

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=186830&id_secao=1

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