"Nem guerra entre as torcidas, nem paz entre as classes" (ParteII)

"Nem guerra entre as torcidas, nem paz entre as classes" (ParteII)

PERSEGUIÇÃO

 Formada por quinze integrantes, entre marxistas e anarquistas, a Ultras sofreu perseguição durante o Campeonato Cearense de 2006. Segundo os integrantes da torcida, num episódio específico – contra o Fortaleza, no dia 22 de janeiro – a bandeira de um torcedor com a “foice e o martelo” (símbolos do socialismo) foi rasgada por um policial da Tropa de Choque da Polícia Militar.
Inclusive, nesse mesmo dia e em várias outras ocasiões, a faixa da torcida com os dizeres “Nem guerra entre torcidas, nem paz entre classes” foi impedida de ser exposta pela PM-CE sem nenhum argumento convincente. O comandante da Tropa só avisou que não permitiria mais referências ao comunismo nas laterais de campo.
Devido a esse acontecimento, a torcida realizou uma campanha nacional de repúdio à ação da PM e ao menos neste ano já não teve incidentes do tipo.
 MANIFESTO – A torcida tem em seu site (www.resistenciacoral.rg3.net) um manifesto no qual explica a sua atuação, especialmente contra todas as mazelas do capitalismo, sejam elas dentro ou fora dos estádios.
A exemplo das torcidas antifascistas européias, a Ultras combate intransigentemente a homofobia, o racismo e o nacionalismo. Segundo o manifesto, o patriotismo “serve à política de ‘ópio’, onde se tenta incutir um nacionalismo ufanista, explorando uma paixão popular, o futebol”. Seria imbuído pela burguesia para que os trabalhadores defendam os interesses dela.
Além disso, convida outras torcidas para a união, por não entenderem os torcedores de outros times como potenciais inimigos, já que a composição social das torcidas no Brasil é principalmente de trabalhadore(a)s ou jovens filho(a)s de trabalhadore(a)s. Sobre isto, afirmam: “Queremos a paz entre nós, proletário(a)s e a guerra aos burgueses”.
No site, há espaço para torcidas que concordam e assinam o manifesto. Dentre elas, estão algumas torcidas européias e algumas brasileiras que estão em processo de construção, como é o caso da torcida do Ceará, a Brigada Alvinegra. Segundo os integrantes da Ultras, as torcidas estão numa fase embrionária e o surgimento da URC acabou por inspirar a criação de torcidas organizadas de esquerda no Brasil – caso da Leões da Falange, do Adap/PR –, incentivando a mescla da militância política socialista/anarquista com a paixão clubista.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Socialismo

Unicef: 700 crianças palestinas são presas por forças israelenses

NAZIFASCISTAS BRASILEIROS