Repressão
Israel assassina 12 pessoas nos 63 anos da catástrofe palestina
O presidente da Autoridade Nacional da Palestina, Mahmud Abbas, declarou nesta segunda-feira (16) três dias de luto pela morte de pelo menos 12 manifestantes que marchavam em direção às fronteiras de Israel desde a Faixa de Gaza, Síria e Líbano.

Centenas de palestinos marcham em Ramallah para rememorar o Dia da Nakba (Catátrofe), no qual lembram o exílio e a perda de territórios palestinos com a criação, em 1948, do Estado de Israel. Com bandeiras e cartazes, a população se reuniu ao lado do túmulo de Yasser Arafat, na Muqata de Ramallah, para marchar dali até a praça de Al Manara, onde foram realizados discursos e diferentes atos para marcar o 63ª aniversário da Nakba.

Nesta segunda-feira, os tumultos se espalharam para o Egito, onde a polícia antidistúrbios lançou gás lacrimogêneo e munição real para dispersar milhares de manifestantes pró-palestinos do lado de fora da Embaixada de Israel no Cairo.

Os manifestantes reivindicavam o direito de retorno dos milhões de refugiados palestinos a seus lugares de origem, reconhecido pelo direito internacional. Ao meio-dia de ontem, palestinos em várias cidades da Cisjordânia fizeram 63 segundos de silêncio para lembrar a catástrofe que representou a criação do Estado sionista.

Enquanto isso, outra centena de palestinos protestou, atirando pedras no posto de controle israelense de Qalandia. Segundo o serviço de notícias israelense Ynet, não houve registro de feridos.

Os ataques de Israel deixaram pelo menos 12 mortos e uma centena de feridos. Tropas israelenses dispararam contra manifestantes em três locais distintos, no confronto mais mortífero em anos. Em relação às vítimas, o presidente da ANP afirmou que “a vontade do povo é mais forte que o poder das forças opressivas”.

As manifestações ocorrem todos os anos. Tambores, canções patrióticas árabes e palestinas e um desfile de escoteiros uniformizados enfeitavam as ruas, nas quais desfilaram funcionários palestinos, estudantes e moradores nos campos de refugiados dos arredores da capital administrativa da Cisjordânia e sede do governo da ANP.

Repressão de Israel

As forças israelenses abriram fogo em três regiões diferentes – nas fronteiras de Israel com a Síria, o Líbano e a Faixa de Gaza. Fontes da segurança libanesa disseram que mais de 100 pessoas ficaram feridas durante o incidente na cidade fronteiriça de Maroun al-Ras.

No centro comercial de Israel, um caminhão conduzido por um israelense árabe foi jogado contra veículos e pedestres, matando um homem e ferindo 17 pessoas. Testemunhas disseram que o motorista, que foi preso, se descontrolou com o caminhão no meio do trânsito do centro da cidade.

Em Jerusalém, um adolescente palestino foi morto a tiros durante protestos na última sexta-feira. A polícia disse que não ficou claro quem o baleou e que está investigando. O incidente ocorreu no bairro de Silwan, em Jerusalém oriental, onde ocorrem incidentes violentos com frequência. Os palestinos reivindicam Jerusalém oriental como capital do Estado que pretendem criar na Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Na fronteira sul de Israel com a Faixa de Gaza, segundo paramédicos, disparos israelenses feriram 60 palestinos quando manifestantes se aproximaram da barreira entre Israel e o enclave comandado pelo Hamas.

Nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel desde 1967, muitos palestinos e simpatizantes que vivem no país passaram a fronteira com a Síria para protestar. Como resposta, as forças de segurança israelenses, reforçadas no domingo, atiraram nos manifestantes deixando mais mortos e feridos.

Faixa de Gaza

Pelo menos 15 palestinos foram feridos por disparos das Forças Armadas israelenses no norte da Faixa de Gaza quando milhares faziam uma manifestação. As vítimas são, em sua maioria, menores de idade, feridos por estilhaços dos disparos de tanques israelenses contra a cidade palestina de Beit Lahiya. As informações são do porta-voz dos serviços de emergência em Gaza, Adham Abu Selmeya.

O protesto envolveu milhares de pessoas, que fizeram uma passeata no norte da Faixa de Gaza, rumo à divisa do território com Israel. Segundo elas, os tanques israelenses estacionados na área dispararam pelo menos quatro projéteis contra o local da manifestação.

Hamas-Fatah

Em um comício realizado na cidade de Gaza, que contou com a presença de aproximadamente 10 mil pessoas, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos têm direito a resistir à ocupação israelense e recuperar as propriedades perdidas em 1948, informou o serviço de notícias israelense Ynet.

Este é o primeiro ano desde 2007 em que os dois grupos palestinos se unem na Faixa de Gaza para organizar atos conjuntos em memória da Nakba, o que foi possibilitado após a assinatura do acordo de reconciliação palestina, realizado no início deste mês no Cairo.

O Hamas, em cooperação com o Fatah, organizou os dois atos principais. O primeiro foi realizado no norte da Faixa de Gaza e o segundo, em Rafah, na fronteira com o Egito. Além das manifestações em Israel e nos territórios palestinos espera-se também a realização de grandes atos no Egito, Jordânia e Líbano, onde moram centenas de milhares de palestinos.

O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, qualificou os ataques como um “ponto de virada no conflito entre palestinos e israelenses” e ratificou o compromisso de acabar com a ocupação da Palestina pelo Estado de Israel.

Síria condena Israel

A Síria condenou os ataques de Israel contra os palestinos nos territórios ocupados em Golã, Palestina e o sul do Líbano, e negou ataques da polícia local contra opositores em áreas conturbadas. O Ministério Relações Exteriores do país qualificou como práticas criminosas os disparos feitos por soldados israelitas.

O governo de Damasco exigiu que a Comunidade Internacional responsabilize plenamente Tel Aviv pela violência, e recordou que a Síria esteve e estará sempre apoiando o povo palestino e a sua luta de resistência por direitos legítimos.

Nesta segunda-feira (16), líderes palestinos e árabes denunciaram a repressão das forças de ocupação israelenses contra manifestantes que rememoravam o Nakba. A maioria das vítimas foram palestinos refugiados no Líbano desde que seus parentes foram expulsos de suas aldeias e territórios originários em 1948.

Um porta-voz do Exército do Líbano afirmou que dez palestinos perderam a vida quando militares israelenses dispararam balas reais contra manifestantes que se defendiam lançando pedras e tentando derrubar a cerca que separa o território de Israel.

O deputado libanês Hassan Fadlallah qualificou como violação dos direitos humanos a “agressão de Israel aos civis desarmados em Maroun Al-Ras e em Golã” e afirmou que o movimento de resistência libanês, Hizbulah, continuará defendendo a causa palestina”.

Da redação, com agências.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=154298&id_secao=9

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